“Cachoeira e Demóstenes armaram o mensalão”
Edição/247
Quem diz é o ex-prefeito de Anápolis
(GO), Ernani de Paula, que conviveu com os dois; ele foi amigo do contraventor
e sua mulher Sandra elegeu-se suplente do senador do DEM em 2002; “Cachoeira
filmou, Policarpo publicou e Demóstenes repercutiu”, disse ele ao 247
27 de Março de 2012 às 20:34
Marco Damiani _247 – O Mensalão, maior escândalo
político dos últimos anos, que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo
Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário
Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor Carlinhos
Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira
denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito em entrevista ao 247. Para quem não
se lembra, trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício
Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita
foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada
pelo jornalista Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte
habitual da revista Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos
pela Operação Monte Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de
Paula ao 247.
O ingrediente novo na história é a trama que unia três
personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo
Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário
Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando
no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria
senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta
da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no País – atividade que já
explorava livremente em Goiás.
Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes.
“Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o
senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz,
ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira.
O segundo, muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de
Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do Mensalão, em 2005.
Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, o jornalista
de Veja aparece gravado em 200 conversas com o bicheiro Cachoeira, nas quais,
supostamente, anteciparia matérias publicadas na revista de maior circulação do
País.
Até o presente momento, Veja não se pronunciou sobre as relações
de seu redator-chefe com o bicheiro. E, agora, as informações prestadas ao 247
pelo ex-prefeito Ernani de Paula contribuem para completar o quadro a respeito
da proximidade entre um bicheiro, um senador e a maior revista do País.
Demonstram que o pano de fundo para essa relação frequente era o interesse de
Cachoeira e Demóstenes em colocar um governo contra a parede. Veja foi usada ou
fez parte da trama?
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